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sábado, 21 de janeiro de 2012

A sociedade anarquista

Educação avançada: a base da coexistência harmoniosa

A questão persecutória por excelência entre os anarquistas no decorrer da história é: como seria possível uma Sociedade Anarquista se cada ser humano pensa de uma forma diferente[carece de fontes]? Não seria permeada por inúmeros conflitos, guerras, antagonismos?
A resposta a essa questão, defendida pela maior parte dos anarquistas[carece de fontes], é a de que apenas o desenvolvimento virtuoso da educação (Pedagogia Libertária) – permeada pela autodidática, interesse natural, relativismo cultural e antidogmatismo – proveria as pessoas do desenvolvimento humano efetivo. Assim, embora os conflitos façam parte da Sociedade Anarquista – e a desenvolvam estruturalmente por essa relação dialética –, eles seriam transferidos do plano físico – como é o caso das guerras atuais – para o plano do diálogo – como prima a democracia direta –, sendo negociados de forma pacífica, consciente, racional e, acima de tudo, humana, já que o interesse, o calculismo, não estaria mais regendo as instâncias conflitivas. Em outras palavras, independentemente do resultado do embate, ninguém sairia em posição privilegiada[carece de fontes].
Evidentemente, no caso de uma sociedade anarquista, também pode haver indivíduos que perturbem a harmonia social. Como a violência é uma forma pura de autoridade, de poder, o indivíduo que encarná-la em qualquer uma de suas ações, por qualquer que seja o motivo, não será considerado anarquista[carece de fontes]. Como a Sociedade Anarquista é uma sociedade de anarquistas e para anarquistas, os dissidentes seriam obrigados a garantir a sua subsistência onde a autoridade e a mesquinhez deles tivesse alguma funcionalidade[carece de fontes].
Piotr Alexeevich kropotkin (1842 – 1921) defende que a Liberdade, em seu estado puro, em conjunto com a fraternidade, serviria como um verdadeiro "remédio" às pessoas, sanando os seus problemas mais nefastos, conseqüentemente, prescindindo-se de qualquer espécie de punição ou coerção. Esta ideia se aplica, num espectro mais amplo, até às questões relacionadas à existência de estruturas manicomiais, responsáveis, na sociedade capitalista, pelas torturas e maus-tratos aos estigmatizados pelo sistema como "doentes mentais".

Princípio da flexibilidade e naturalidade organizacionais

s anarquistas, por intermédio da aceitação e compreensão da progressão materialmente dialética da história, em sua maioria, não acreditam que o estabelecimento de estruturas organizacionais rígidas possam promover um desenvolvimento humano efetivo. Assim, acreditam que a inflexibilidade organizacional - típica do sistema capitalista - termina por interferir deleteriamente, quando não suprimir, as faculdades individuais de cada ser humano. Por isso, os anarquistas acreditam que são as dificuldades e problemáticas humanas, materiais e sociais que devem prescrever o modelo temporário de organização, e não as inferências provenientes de abstrações técnicas. Em outras palavras, é a realidade concreta que deve definir as bases da organização da sociedade anarquista, em contrapartida com as situações imaginárias criadas pelos "técnicos", as quais, na maioria das vezes, tendem a ser manipuladas a favor de interesses parciais.
Com o objetivo de se potencializar de forma plena a coesão estrutural - material - necessária à Sociedade Anarquista, a fim de se promover a satisfação das necessidades humanitárias, houve a emergência do conceito de Federalismo Libertário.

[Federalismo Libertário

Sendo uma ampliação funcional do princípio da "Ação Direta", o federalismo libertário é o meio de organização proposto pela maior parte das vertentes anárquicas[carece de fontes], desenvolvido, no âmbito anarquista, pela primeira pessoa a se intitular “anarquista”: Pierre-Joseph Proudhon (1809 - 1865). Esse conceito consiste na subdivisão organizacional temporária ou permanente da sociedade libertária – em federações, comunas, confederações, associações, cooperativas, grupos e qualquer outra forma de conjugação da força operacional humana – para a maior eficiência das interações humanas, sociais. Por intermédio do federalismo, de cunho libertário, seria possível uma intervenção rápida e direta do homem frente às problemáticas emergentes na sociedade anarquista. Nesse aspecto, Piotr Alexeevich Kropotkin (1842  1921) aludia didaticamente às federações como sendo "botes salva-vidas": ágeis no auxílio e versáteis frente às condições ou necessidades adversas[carece de fontes].
Evidencia-se que o conceito de federalismo, no campo libertário, transcende o conceito atual de federalismo que conhecemos, deixando de representar apenas as associações de grande escala para adentrar no âmbito pessoal, abrangendo, inclusive, as relações interpessoais. Desta forma, o federalismo libertário se firma enquanto a máxima coesão entre o homem e a satisfação proficiente de suas necessidades[carece de fontes].
O federalismo libertário se difere do federalismo estatal - como o que vigora no Brasil - por não ser concebido em meio a nenhuma relação de submissão e por ser regido, em sua completude, pelas necessidades humanas. Seriam sempre as problemáticas que definiriam e prescreveriam a organização, e não os interesses, sejam eles coletivos ou pessoais.
Com efeito, vários anarquistas já propuseram modelos mais elaborados de organização, de plataformas organizacionais, mas, como é a conjuntura e a naturalidade que devem definir a organização numa sociedade anarquista, elas são consideradas inferências, projetos divergentes, porém, todos unificados pelo conceito uno do federalismo libertário. Em outras palavras, o federalismo libertário é tido enquanto o germe de qualquer organização anarquista.

Responsabilidades: individual e coletiva

 

Na sociedade anarquista, a questão da responsabilidade é persecutória em qualquer pensamento acerca das relações entre os seus integrantes. Didaticamente, ela é dividida entre responsabilidade individual e responsabilidade coletiva - ambas totalmente coesas na prática.
Pela primeira, compreende-se a consciência individual encarnada em qualquer ação empreendida pelo indivíduo, de forma pessoal, subjetiva - embora com vistas ao benefício do coletivo. Assim, o anarquista possui seus deveres e obrigações em relação a toda a sociedade, agindo sempre de forma a progredi-la por completo.
Pela segunda, é convencionada a consciência coletiva emergente a partir de qualquer ação exercida por determinada seção operacional - grupo, associação, federação, etc. Uma determinada seção é responsável - em sua integridade - pelas suas ações desenvolvidas, estando suscetível aos seus resultados e, conseqüentemente, às possíveis reformulações ou reorientações.

Movimento social

O anarquismo como movimento social tem regularmente sofrido variações na sua popularidade. O seu período clássico, demarcado por estudiosos como sendo de 1860 a 1939, é associado com os movimentos do proletariado do século XIX e a era da Guerra Civil Espanhola com lutas contra o fascismo.[19]

]A Primeira Internacional

Na Europa, uma severa reação seguiu a revolução de 1848, durante a qual dez países tinham experimentado convulsões sociais breves ou longas assim como grupos defendendo elevações nacionalistas. Depois de a maioria dessas tentativas sistematicamente acabar em fracasso, elementos conservadores tiraram vantagem de grupos divididos de socialistas, anarquistas, liberais e nacionalistas, para impedir mais revoltas.[20] Em 1864, a Associação Internacional dos Trabalhadores (algumas vezes chamada de "Primeira Internacional") uniu diversas correntes revolucionárias, como seguidores franceses deProudhon,[21], blanquistas, filadélfios, sindicalistas ingleses, socialistas e sociais democratas.
Devido às suas ligações com movimentos ativos de trabalhadores, a Internacional tornou-se uma organização significativa. Karl Marx tornou-se uma figura importante na Internacional e membro do seu conselho geral. Seguidores de Proudhon, os mutualistas, opunham-se ao socialismo estatal de Marx, advogando o abstencionismo político e o arrendamento de pequenas propriedades.[22][23]
Em 1868, seguindo a sua mal-sucedida participação na Liga da Paz e Liberdade, o revolucionário russo Mikhail Bakunin e as suas associações anarquistas coletivistas juntaram-se à Primeira Internacional (que tinha decidido não se envolver com a Liga da Paz e Liberdade).[24] Eles aliaram-se com as seções socialistas federalistas da Internacional,[25] que advogavam o fim do estado através da revolução e a coletivização da propriedade.
Primeiramente, os coletivistas trabalharam com os marxistas para empurrar a Primeira Internacional para uma direção mais socialista revolucionária. Subsequentemente, a Internacional tornou-se polarizada dentro de dois campos, com Marx e Bakunin como suas lideranças respectivamente.[26] Bakunin caracterizou as ideias de Marx como centralistas e previu que, se o partido marxista fosse ao poder, os seus líderes iriam simplesmente tomar o lugar daclasse dominante contra a qual tinham lutado.[27][28]
Em 1872, o conflito atingiu seu clímax com uma separação final entre dois grupos no Congresso de Haia, no qual Bakunin e James Guillaume foram expulsos da Internacional e as suas sedes transferiram-se para Nova Iorque. Em resposta, as partes federalistas formaram a sua própria Internacional noCongresso de St. Imier, adotando um programa anarquista revolucionário.[29]

]Trabalho organizado

 

As partes antiautoritárias da Primeira Internacional foram as precursoras dos anarcossindicalistas, procurando "substituir o privilégio e a autoridade do Estado" com "livre e espontânea organização do trabalho".[30] Em 1886, a Federação de Sindicatos Organizados dos Estados Unidos e do Canadá decidiram por unanimidade que 1 de maio de 1886 seria a data em que a jornada de oito horas se tornaria padrão.[31]
Em resposta, sindicatos pelos EUA prepararam uma greve geral para apoiar o evento.[31] Em 3 de maio, em Chicago, uma briga iniciou-se quando fura-greves tentaram cruzar a linha dos piquetes, e dois trabalhadores morreram quando a polícia abriu fogo contra a multidão.[32] No dia seguinte, 4 de maio, os anarquistas organizaram um comício na Haymarket Square de Chicago.[33] Uma bomba foi jogada por um desconhecido perto da conclusão do comício, matando um oficial.[34] No pânico subsequente, a polícia abriu fogo contra a multidão e foi respondida.[35] Sete policiais e ao menos quatro trabalhadores foram mortos.[36] Oito anarquistas direta e indiretamente relacionados aos organizadores do comício foram presos e acusados do assassinato dos policiais. Eles tornaram-se celebridades políticas internacionais entre a esquerda. Quatro deles foram executados e um quinto cometeu suicídio antes da sua execução. O incidente tornou-se conhecido como a Revolta de Haymarket, e foi um revés para o movimento e para a luta pela jornada de oito horas. Em 1890, uma segunda tentativa, desta vez internacional em extensão, para mobilização pela jornada de oito horas, foi feita. O evento também tinha o objetivo secundário de lembrar trabalhadores assassinados na Revolta de Haymarket.[37] Apesar de ter sido inicialmente concebida como um evento isolado, no ano seguinte a celebração do Dia do Trabalhador tinha se tornado como um feriado do trabalhador internacionalmente estabelecido.[31]
Em 1907, o Congresso Internacional Anarquista de Amsterdã reuniu delegados de quatorze países diferentes, entre os quais importantes figuras do movimento anarquista, como Errico Malatesta,Pierre Monatte, Luigi Fabbri, Benoît Broutchoux, Emma Goldman, Rudolf Rocker, e Christiaan Cornelissen. Vários temas foram tratados durante o Congresso, em particular concernando a mobilização do movimento anarquista, publicações de educação popular, a greve geral ou o antimilitarismo. Um debate central concernou a relação entre o anarquismo e o sindicalismo. Malatesta e Monatte discordaram particularmente sobre o assunto, já que o segundo pensava que o sindicalismo era revolucionário e criaria condições para uma revolução social, enquanto Malatesta não considerava o sindicalismo por si só suficiente.[38] Ele pensava que o movimento sindical era reformista e até mesmo conservador, citando como essencialmente burgueses e antitrabalhadores os dirigentes sindicais. Malatesta alertou que o objetivo dos sindicalistas eram perpetuar o sindicalismo, enquanto os anarquistas deviam sempre ter a anarquia como o seu fim e, consequentemente, abster-se de se comprometer com qualquer método particular de alcançá-la.[39]
A Federação Espanhola dos Trabalhadores em 1881 era o primeiro grande movimento anarcossindicalista; as federações sindicais eram de especial importância na Espanha. A mais bem-sucedida era a Confederación Nacional del Trabajo (Conferação Nacional do Trabalho: CNT), fundada em 1910. Antes dos anos 1940, a CNT era a maior força na política do proletariado espanhol, atraindo 1,58 milhão de membros em certo ponto e tendo um papel significativo na Guerra Civil Espanhola.[40] A CNT era afiliada à Associação Internacional dos Trabalhadores, uma federação de sindicatos anarcossindicalistas fundada em 1922, com delegados representando dois milhões de trabalhadores de quinze países da Europa e da América Latina. O maior movimento anarquista organizado hoje está na Espanha, na forma da Confederación General del Trabajo (CGT) e da CNT. Os membros da CNT eram estimados em cerca de 100.000 em 2003.[41] Outros movimentos sindicalistas ativos são a Workers Solidarity Alliance (Aliança Solidária dos Trabalhadores, dos EUA) e a Solidarity Federation (Federação Solidária, do Reino Unido). O sindicato industrial revolucionário Industrial Workers of the World (Trabalhadores Industriais do Mundo), com 2 mil membros pagantes, e a International Workers Association (Associação Internacional dos Trabalhadores), uma sucessora anarcossindicalista do Primeira Internacional, também continuam ativas.

Propaganda pelo ato

Alguns anarquistas, como Johann Most, defenderam a divulgação de atos violentos de retaliação contra contrarrevolucionários porque "nós proclamamos não apenas ação em e para si mesma, mas também ação como propaganda."[42] Por volta dos anos 1880, a frase "propaganda pelo ato" tinha começado e ser utilizada tanto dentro quanto fora do movimento anarquista para se referir a bombardeios individuais, regicídios e tiranicídios. Entretanto, em 1887, figuras importantes no movimento anarquista distanciaram-se de tais atos individuais. Peter Kropotkin assim escreveu naquele ano em Le Révolté que "uma estrutura baseada em séculos de história não pode ser destruída com alguns quilos de dinamite".[43] Uma variedade de anarquistas advogou o abandono desse tipo de táticas em favor de uma ação coletiva revolucionária, por exemplo através do movimento sindical. O anarcossindicalista Fernand Pelloutierargumentou em 1895 pelo envolvimento de renomados anarquistas no movimento trabalhista, baseando-se em que o anarquista não poderia ir bem sem "o dinamitador individual."[44]
A repressão do Estado (incluindo as lois scélérates francesas de 1894) para movimentos anarquistas e trabalhistas seguindo os poucos bem-sucedidos bombardeios e assassinatos poderiam ter contribuído para o abandono desse tipo de táticas, apesar de, reciprocamente, a repressão do estado, em primeiro lugar, ter possivelmente contribuído para esses atos isolados. A separação do movimento socialista em muitos grupos e, seguindo a supressão da Comuna de Paris em 1871, a execução e exílio de muitos communards para colônias penais, favoreceram expressões e atos políticos individuais.

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