A Voz do Silêncio

Silêncio! Silêncio a sessão vai começar! Silêncio, hospital! Silêncio a tia quer falar! Silêncio na corte! Lei do silêncio!

                O silêncio ,como podemos constatar nestas poucas  frases aqui escritas , é nosso companheiro desde as mais remotas lembranças nossas, ainda na infância quando ainda estamos na condição de girinos humanos . Inúmeros são os lares (?), onde pode-se às 20:00h desenhar uma tão comum cena: TV, família sentada na sala , o prato de comida na mão, olhar fixo para o eletrodoméstico,  veículo de opiniões pré-fabricadas, salvo raras as exceções. Assiste-se o que a “ caixa  falante” relata e só, não há debate,  “família-zumbi” Sociedade Zumbi.

                Máximas como: o silêncio é de ouro só vêm atestar o culto à covardia epidêmica.

                Vejo as pessoas viciadas no silêncio, tendo-o como lugar seguro, com medo de gritarem suas ignóbeis mini certezas, que são  frutos de um egocentrismo e egoísmo que fazem figuras como Napoleão ou até mesmo Hitler parecerem cordeirinhos, sim cordeirinhos!_ao menos estes certos ou não, loucos ou sãos, vomitaram suas opiniões e  idéias por mais chocantes que fossem.

                Cansei de silenciar, temendo que minhas opiniões fossem encaradas como extremistas, anarquistas, ofensivas e por aí vai...Cansei de silenciar para não ferir o próximo, quando percebi que meu silêncio era apenas desculpa camuflada de sensatez , boa educação, humildade ou amor ao semelhante. Percebi que pelo contrário, meu silêncio é a prova mais cabal de meu desrespeito a mim e principalmente a ti. Estou farta da zona de conforto extremamente desconfortável do silêncio.              

                Lembro-te que o teu silêncio torna minha vida difícil, não te ilibando de tuas culpas.

                Este blog é o lugar de gritar  e espernear décadas de silêncio reunidas numa voz sem pretensão de ser politicamente correta  , já que cada um opta pela verdade e sabedoria que mais lhe convém. Este espaço foi criado para escarrar minha estupidez e como forma de marcar o fim de minha paralisia mental voluntária.

                Não quero tua simpatia nem antipatia, nem porra nenhuma de ti. Aliás, nem te conheço, vale ressaltar. Escreva (ou não) o comentário que quiser, este blog é território livre para se dizer o que quiser, cada qual responsável pelo que escrever. Todos os comentários, a favor, contrários, ridículos, ofensivos, polêmicos, radicais, racistas serão publicados na íntegra sem  cortes, até porque são de responsabilidade tua e realmente não quero ser tua “miguxa” de Facebook nem minha vida depende de teu “joinha” para ter sentido.

                Leva aí com minha voz e enquanto tu desfruta  de tua postura afônica, deixo aqui a letra  de uma música, que é a prova mediante seu sucesso, do quanto existem espalhados muitos silêncios ressentidos.

               

Admirável Gado Novo

Zé Ramalho

Oooooooooh! Oooi!

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Oooooooooh! Oh! Oh!

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar

Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Ooooooooooooooooh!