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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Homens Preguiçosos

E acabaremos descobrindo que, sempre que um camarada está no lugar errado, ele será incompetente e lerdo. Pois a chamada preguiça, bem como grande parte da incompetência, é apenas um sinal de falta de aptidão, de inadaptação. Se alguém é obrigado a fazer exatamente aquilo que não lhe agrada, por inclinação ou temperamento, certamente será um incompetente; se for forçado a trabalhar em coisas que não despertam o seu interesse, terá preguiça de fazêlas. Pois tal é a natureza humana: a eficiência para realizar certas tarefas significa que há uma inclinação e uma capacidade especial para desempenhá-la; disposição para o trabalho significa interesse. E é por isso que há tanta preguiça e tanta incompetência no mundo atual. Pois, na verdade, quem ocupa hoje o lugar certo? Quem trabalha naquilo que realmente desperta o seu interesse? É a situação particular de cada um, e não suas inclinações, habilidades e preferências, que irá determinar a sua profissão. Será, portanto, de estranhar que a maioria esmagadora dos trabalhadores exerce a profissão errada? Pergunte aos primeiros cem homens que encontrar se, caso lhes fosse dada a oportunidade da escolha, teriam escolhido a profissão que atualmente exercem e se, caso tivessem oportunidade de fazê-lo, não procurariam trocá-la por outra mais de acordo com suas inclinações, e noventa por cento deles admitiriam preferir um outro tipo de trabalho. Só a necessidade de ganhar a vida e a esperança de obter vantagens materiais mantêm as pessoas presas à profissão errada. A necessidade de realizar alguma coisa é um dos instintos básicos do homem. Observe uma criança e veja como é forte o seu impulso de agir, movimentar-se, fazer alguma coisa. É algo intenso e contínuo. O mesmo acontece com todos os homens dotados de saúde. Sua energia e vitalidade exigem uma forma qualquer de expressão. Permita-lhe trabalhar em qualquer atividade por ele mesmo escolhida e sua aplicação não conhecerá limites. É possível observar a veracidade dessa afirmação diante de qualquer operário que tiver a sorte de possuir um jardim ou um pedacinho de terra onde possa cultivar flores ou
hortaliças. Mesmo cansado após horas de labuta diária, ele se atira com entusiasmo ao árduo trabalho de lidar na terra, pois tudo é feito em seu próprio benefício e por sua livre escolha. As pessoas desejam obter a admiração e a estima de seus companheiros e fazem o possível para consegui-la. A opinião de círculo de pessoas entre as quais vivemos é que vai determinar o nosso comportamento. A experiência pessoal de cada um irá confirmar a veracidade das minhas afirmações.

Adaptado de Alexander Berkman (in O que é comunismo anarquista?, 1929)

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